Monday, May 26, 2008

Portugal...



Pátria

Soube a definição

na minha infância.

Mas o tempo apagou

As linhas que

no mapa da memória

A mestra palmatória

Desenhou.


Hoje

Sei apenas gostar

Duma nesga de terra

Debruada de mar.
Miguel Torga

Tuesday, March 11, 2008

na minha terra, na minha outra encarnação...



Vi as águas, os cabos, vi as ilhas

E o longo baloiçar dos coqueirais

Vi lagunas azuis como safiras

Rápidas aves furtivos animais


Vi prodígios espantos maravilhas

Vi homens nus bailando nos areais

E ouvi o fundo som de suas falas

Que já nenhum de nós entendeu mais


Vi ferros e vi setas e vi lanças

Oiro também à flor das ondas finas

E o diverso fulgor de outros metais

Vi pérolas e conchas e corais


Desertos fonte trémulas campinas

Vi o rosto de Eurydice das neblinas

Vi o frescor das coisas naturais

Só do Preste João não vi sinais


As ordens que levava não cumpri

E assim contando tudo quanto vi

Não sei se tudo errei ou descobri


Sophia de Mello Breyner-Navegações VII