Tuesday, March 11, 2008

na minha terra, na minha outra encarnação...



Vi as águas, os cabos, vi as ilhas

E o longo baloiçar dos coqueirais

Vi lagunas azuis como safiras

Rápidas aves furtivos animais


Vi prodígios espantos maravilhas

Vi homens nus bailando nos areais

E ouvi o fundo som de suas falas

Que já nenhum de nós entendeu mais


Vi ferros e vi setas e vi lanças

Oiro também à flor das ondas finas

E o diverso fulgor de outros metais

Vi pérolas e conchas e corais


Desertos fonte trémulas campinas

Vi o rosto de Eurydice das neblinas

Vi o frescor das coisas naturais

Só do Preste João não vi sinais


As ordens que levava não cumpri

E assim contando tudo quanto vi

Não sei se tudo errei ou descobri


Sophia de Mello Breyner-Navegações VII

1 comment:

Messala said...

que insolentes here"s, não têm sorte nenhuma comigo... não sou curiosa!!